[ 2 ] Tea Time

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- Ahhhhhh... - limpou a boca como um pedreiro - isso aquece a alma... -acrescentando uma risada nervosa, a lá Mad Hatter.

Emi se sentiu mais em Wonderland do que nunca. Olhou o conteudo da xícara. Era chá de camomila, bem forte. Ponderou mas, já que o cheiro estava tão bom e ela não fazia idéia de como chegara ali e nem de como iria sair, resolveu tomar.

" Talvez isso seja tudo um sonho.É, é um sonho" convenceu a si mesma em pensamento.

- Por que seria? - perguntou a mulher, de repente.

Emi pestanejou. Ela não podia... não estava...

"Estou, lógico. - sorriu, de um jeito assustador - E além do mais, é tão cliché achar que é um sonho só porque não entende."

- Você tem uma mansão, um castelo, com jardins, lagos e giletes usadas na sua mente, anda por lá e acha um simples pátio de mosteiro estranho? - revirou os olhos, jogando o cabelo ruivo pra trás - Vai dar mais trabalho do que eu pensei... - terminou mais para si mesma do que para a garota.

- Ahm.. por que exatamente eu... eu fui trazida aqui? - meio gaguejando, Emi recuperava-se do choque, esquecendo de como foi lisergicamente parar no lugar e tentando entender a situação. Não gostava nem um pouco da idéia de uma presidiaria estranha ler sua mente. Sentia-se sem proteção, sem barreiras, sem máscaras. Como ela fazia isso?

- Porque você não quer ouvir ninguém. Você não está escutando o que nós temos dito. Então, já que você ignorou meu - hesitou por um segundo - avatar, vim falar com você pessoalmente, pra, sabe, ver se pega no tranco.

Parou para examinar direito aquela figura. Era uma mulher de classe, tinha esse porte, mesmo se comportando mal-educadamente e com trajeitos de puta barata, ela tinha classe. Era como um tapete persa, varias coisas, tramas e caminhos. Coisa demais para se perceber de uma vez. Seu vestido vermelho parecia mudar de cor e estava sempre ajeitando o cabelo, mexendo e remexendo, pondo grampos, analisando as unhas. Era bem hiperativa, como uma adolescente. Fora que bebeu uma garrafa possivelmente inteira de whisky de uma vez. Estranhamentr, o pátio era bem iluminado, mas não conseguia, por mais que quisesse, enchergar o interior da cela.

Engoliu em seco e continuou.

"Seu avatar?"

Não se lembrava de ter ignorado ninguém e não fazia idéia de quem seria o tal avatar. Mas não duvidaria que ele fosse azul e chamasse Igor. Estava começando a se acostumar com aquele ambiente. Devia ser o chá, ainda cheiroso na xícara rosada.

- É, ele.

Apontou e logo uma chama apareceu, revelando ninguém mais, ninguém menos que Loki. Seu cabelo de chama, suas roupas semi transparentes e seu jeito de escárnio.

Emi se jogou pra trás da cadeira. Então, a perseguição, tudo que via sobre.. Loki estava mesmo a seguindo? E se ela tinha ele como avatar, quem Era ela? Milhoes de perguntas pipocavam em sua cabeça, sua respiração começou a dificultar. Quando pensou entender, viu que aquilo não era nem a ponta o iceberg.





"Como.. como Loki é seu avatar? Como você o domou? Q-quem é você, afinal?!" - uma nota de pavor se estendeu do fim da frase - O.. O que você quer comigo???"

Encolheu-se na cadeira, fechando visivelmente o corpo com os braços.

A mulher no entando, parecia achar graça daquilo. Não, prazer. Tinha agora um olhar como de alguém chapado.

- Hé... - uma risada estranha, como a de uma cobra, se cobras rissem, seguiu - ele não é o verdadeiro. Mas é bonito não? Muito útil...

Sentando-se e cruzando as belas pernas, bebericou de sua xícara, e encarando a pequena novamente.

- Não domei Rogi-tama, apenas fiz uma cópia, meu avatar, mordomo, faz tudo, minha máscara, minha voz no mundo..entenda como quiser. Mas eu mesma já não sou bem Eu. - encarou a parede da cela, de um jeito nostálgico. - Senão, estaria me fazendo entender de outro jeito. - seus olhos brilharam de um jeito estranho.

"Eu não tenho um nome. Mal tenho rosto e roupa. Logo, essa questão não dá pra responder. Mas você está me vendo, não está?" - lançou um olhar dubio ao bule amarelo, ainda esfumaçante de chá, como que pensando se aquilo afetava as capacidades cognitivas da menina - Está me ouvindo agora, não?"

- Si.. sim. - respondeu Emi, bebendo mais chá para molhar a garganta, observando o avatar sumir lentamente como fumaça.

- Sexo.



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[ 1 ] Tea Time

Posted by: Madam - B / Category:

Bufou.

Há muito ela repetia o ato, como um sopro de caldeira. Também pudera. Motivos nunca lhe faltaram. Apenas continuou apreciando a arrumação do local, enquanto Ele estava buscando a menina. Tinha corpo de moça, já era crescida. Mas era apenas uma menina. Que nem a outrora viver aqui.

Deu um muxoxo consigo mesma.

Como se alguem que "vive" o suficiente apenas para tomar um bom whisky fosse muito sábia...

- Deu até vontade...

Mal terminou a linha de raciocinio e ouve-se os estrondos. Eram bem filhos Dela. Barulhentos e Ele, que estava

Sempre preso, começava a reclamar como sempre. Ignorou-o como sempre. "Se ele ao menos gostasse da fruta um pouco mais..." Estar preso é ruim o bastante. Mas presa, quase cega, sem poder falar e ainda na falta eram um pouco de mais.
Passos ecoaram no patio, com sons que lembravam tudo, menos passos.

- Hmm... - começou o "homem" de terno, em tom de duvida.

- Huumm.... - continuou ela, em tom de prazer.

- Trouxemos ela, como planejado - indicando com a aceno uma sombra de uma menina-mulher (fruta mais do que no ponto, na opinião dela), enquanto a ruiva continuava os gemidos,jogando a cabeça pra trás e abrindo as pernas, como que em êxtase.

Vendo que ela continuaria com aquilo de qualquer jeito e lendo na mente da menina que "A coisa da Alice foi uma péssima idéia, nunca devia ter pego aquele livro." e planos ridiculos de fuga, passou a mão pela cabeça.




- Eu converso ou você conversa?

Ela parou com os barulhos, ainda que terminando de modo a deixar bem semelhante a quem acaba de gozar, passando a mão pelos lábios e mordendo a unha - habito vulgar mas ela borbulhava vermelho, então ficava incrivelmente sexy.

- Do jeito que a sua conversinha mole dura hoooras, até alguma coisa acontecer - seja ela entender as coisas ou você comer ela - eu já sai daqui - respondeu cheia de escárnio e ainda assim indiferente, parecendo entediada.

Adicionando um olhar de irritação, George respirou fundo e virou para a menina. Estava mais assustada do que nunca. Cenas de estupro e pensamentos - de pânico e prazer - corriam por sua cabeça.

Andou até um meio termo da clareira e o patio, e conjurou uma mesa de chá, cadeiras e prataria. "Ao menos - pensou a pequena - isso tudo não caberia tão perfeitamente atrás de uma pilastra!"

- Dozo ~ - miou o "homem", seus olhos azuis possuiam um mistério e coisas mais, em cores inexistentes, mas parecia confiável, além de que era educado e gentil. Além de não ter compulsões por horário, pontuou ela mentalmente.

- Chá de...? - perguntou, inclinando o corpo ligeiramente. Ele não era muito alto mas a menina era bem baixinha.

Nervosa e timida que era, hesitou. Não era muito boa com respostas rápidas apesar de ser muito inteligente.

- Trarei camomila, para acalmar os animos. - meigamente decidiu e com um ultimo olhar na mulher trancada, sorriu e saiu.


Ela tentou acompanha-lo com os olhos, mas...

- Pssssssssssssssssssss!

O chamado parecia uma cobra, uma cascavel mortal anunciando o destino de sua presa. Ainda assim, aproximou-se da mesa, observando a mulher, sentada numa pessima postura.
Ela a encarou, com um olhar bizarro, em olhos verdes profundos que nem sempre pareciam estar ali. Era como se ela tivesse dois pares - ou duas caras.

- Como quer ser chamada? - endireitou-se, na medida em que apoiar o rosto molemente na mão, apoiada nas pernas, abertas, possa ser assim chamado.

De primeira ela não atinou. Achava que a mulher fosse fazer de tudo, desde xingar até sair dali e estupra-la com as xícaras. Mas seu tom foi quase cordial. Nada saia muito bem da boca dela por causa do tédio e do ranço pairando naquele pátio. Era bonito, lembrava um mosteiro medieval. Mas daquela cela sopravam ventos sinistros.

- Er... M- meu nome? - retrucou, tolamente a menina, se sentindo o mais insegura que conseguia.

A outra apenas observou e disparou:

- Vou te chamar de Emi.

E num pulo, que se repetiu na menina, levantou e pegou um saco de papel, se aproximando da grade.

George voltou, trazendo um bule bem enfeitado, branco com bordas douradas. Depositou na mesa, atraindo a pequena pelo cheiro. Era estranho. Bom, muito bom. Mas de um jeito que nunca tinha sentido antes.

- Mas já? - ao ver o saco.

- Que que tem? - rispidamente. Adicionou o conteudo da garrafa na xícara estendida a ela.

- Hm..? - ergueu oferecendo a Emi, já bebendo do seu.

Ele deu um leve aceno negativo com a cabeça.

- Não, obrigada. - disse mecânica.

- É Whisky.

- Não bebo. - Replicou nervosa.

Um olhar penetrante e esmeralda a perfurou no outro lado do muro. Ou foi como ela sentiu.

- Mentirosa. - alegou a ruiva com voz sedosa porém firme, carregada de veneno. Ela sabia, Emi não sabia como, mas ela sabia.

- Não leve-a tão a sério. - pondo o bule verde e preto na mesa - Não tenha medo.

De algum modo, as palavras dele pareciam ter efeito como remédio. Soavam delicadas porém firmes. Apesar disso, não gostava de algo nele, como se fosse feito de chiclete mascado ou algo do gênero. Mas sentia que era o menos pior dali.

Acenou levemente, ainda nervosa e com medo. Muito medo.
Ser medrosa sempre foi sua caracteristica mais marcante.

George fez menção de se sentar mas a ruiva berrou "E os bolinhos?"

Parando com irritação o movimento, deu uma mistura de bufo com silvo e foi na direção da saida.

- Sente-se - disse para Emi - Não tenha medo, ela não pode sair dali.

Ela assentiu e lentamente puxou a cadeira, sentando-se finalmente e apreciando a ruiva entornar a garrafa de whisky com vontade.

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Não preciso dizer que o nome Não foi por acaso, né? XD


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Tea Time - Prólogo

Posted by: Madam - B / Category:

Caminhando em seu castelo carcomido, como sempre, sem rumo, sem saber o que fazer. Sentou-se perto de uma janela, cujas vidraças mostravam a mais nova tempestade se formando.

Fechou os olhos, como se não ver aquilo, a "realidade", a ajudasse.

De repente, um barulho como uma campainha.



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Um sininho fraco. Que se repetiu. Ficando cada vez mais forte. Mais e mais. Uma sinfonia. Começou a ficar com nervoso daquele som que não sabia de onde vinha.

Abriu os olhos lentamente e encontrou tudo distorcido. O que estava acontecendo? Estranhamente não conseguia se preocupar, não conseguia pensar direito. Tudo fluia de um jeito bom....
Um homem de terno risca de giz e chapéu apareceu. Sua velocidade era estranha, parecia se mover em fast foward. Seus olhos azuis encontraram os dela, e tudo ficou azulado, como uma piscina.




A música se distorcia cada vez mais.

"Yokoso" - Pensou ter escutado o homem sussurar.

Sentiu que foi seguindo-o em transe até ele parar, perto de um corredor amarelado, de pedra. Haviam florestas? O que eram aquelas manchas verdes que via pelo canto do olho?

Estranhamente não estava se preocupando de não estar mais em seu castelo. Afinal, aquilo era um sonho...... não é?


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